Vou falar um pouco de Egun, Axexé, Balé, e outras coisas referentes ao culto dos ancestrais. Vou faz
- YLÈ XANGÔ & OXUM
- 4 de fev. de 2019
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Vou falar um pouco de Egun, Axexé, Balé, e outras coisas referentes ao culto dos ancestrais.Vou fazer ressalvas para o seguinte. A concepção religiosa da morte está contida na própria concepção da vida e ambas não se separam. Ou seja, nossa vida religiosa somente tem significado quando tudo termina e nesse momento se faz um novo começo. Por esse motivo que se deve ter respeito e principalmente se deve conhecer os rituais fúnebres de nossa religião, rito tão importante para o religioso africano pois somente após esse ritual que se dará como terminada a vida religiosa aqui no Àiyé (mundo - Terra) e se começará a nova vida no Òrun (Mundo espiritual). O povo do santo “o Batuqueiro”, mistificou por demais esse ser, o “Egun”, causando até mesmo medo nas pessoas. Contudo, esse medo que se estabelece, distância os religiosos do ritual mais importante da religião, o ritual de desligamento do Àiyé e a passagem para o Òrun. As pessoas que ainda detém o conhecimento dos rituais fúnebres devem passar para seus descendentes religiosos, pois somente assim que fará a proliferação do Axé. Por isso fica o toque da Virginia sobre o Atété (cânticos para Egun), que como vai se aprender se ninguém ensinar. E com isso vai se perdendo a verdadeira essência da religião. Egún ou Egúngún, são espíritos dos mortos ancestrais, tanto pode ser da família, como de antepassados da Religião Africana (espíritos de desencarnados de nossa Gôa religiosa). O culto aos mortos não é de exclusividade do povo africano. Ele faz parte de quase todas as civilizações. São muitas as culturas que fazem ritos parecidos com os praticados por nos (Batuqueiros). Ritos esses, que são praticados com intuito de fazer com que o espírito do desencarnado seja recebido de braços abertos pelo mundo espiritual. Por isso no ritual são servidos inúmeros pratos com as mais diversas comidas, fumos, bebidas e muitas outras coisas que acompanham esse ritual, para que o espírito receba um grande banquete de celebração no Òrun (mundo espiritual). Falando um pouco do Balé. Ygbàlè ou também como é conhecido Balé, é a casa dos mortos. Casa essa que é estabelecida em uma construção dentro do pátio do centro religioso. Local esse que serve como base para os assentamentos, que são chamados de idi-egungun, estes são elementos que individualizam e identificam o Egun ali cultuado. E oojubô-babá, que é um buraco feito diretamente na terra é onde são colocadas as oferendas e sacrifícios para o Egun ali assentado.Virginia, quando citaste um buraco feito no mato, possivelmente se refere a um ritual praticado por pessoas que não possuem seu Igbàlè, pois ai sim se abre um buraco próprio para se fazer o sacrifício e encaminhamento do Egun. Pois do contrario tudo é feito no Igbàlè, até mesmo o dano, pois lá já se encontra o buraco.
Arissun ou Axexe é como denominamos a missa realizada para Egun. O Egun é um espírito que normalmente trabalha mais rápido que os Orixás e que muitas vezes, durante o Xirê de Batuque, se apresenta como tal. Sua presença è notada através de seu elan (grito), que é totalmente diferente do emitido pelo Orixá.Ao irmos participar de um arissun, como forma de evitar possíveis danos causados por um ritual mal feito, o ideal é sabermos com antecedência o nome completo do falecido e sua dijina. Devemos estar com Eledà (cabeça) coberto, vestidos com axó branco ou roupas claras.Ao sairmos para participar de um axexe, algumas nações tem como fundamento a necessidade de deixar preparado um axé para Oyá e um ecó de cinza,colocados atrás do portão, para que, quando haja o retorno, sejam lavados o rosto, os pés e as mãos. Da mesma forma, em algumas nações, os participantes são proibidos de beber água, largar cinza de cigarro no chão, assobiar e dormir.Na Nação Cabinda tem-se que ao chegar ao Ilê, onde será realizada a missa, se encontra os atins (pós) usados no ritual. São eles: pó de tijolo, de pemba, cinza, coloral, café, chimarrão, palitos e um mieró de quebra (feito com ervas).Após, cumprimenta-se o os eguns diante do Balé, batendo palmas nove vezes, com o giro correspondente, saudando-os.Inicia-se o arissun cantando rezas apropriadas para Egun, onde a roda segue em determinado momento no sentido anti-horário e em outro momento no sentido horário, sempre com os braços balançando (abanando).Durante toda cerimônia não se retira os calçados.Ao término das rezas para o Orixá, retornamos o canto para Egun, onde se faz necessário o abano dos lenços brancos para assim haver o desligamento do morto com o plano material, com os humanos.Durante o ritual, é costume chegar Orixá no mundo, mas o mesmo vem de forma silenciosa, não dando o seu elan, (grito) e permanece até o retorno da praia. Após o Orixá é despachado inteiro.Ao se despachar o "saco" na praia, devemos seguir um caminho e retornarmos pelo outro, como forma de "enganar" o Egun. No decorrer do arissun, canta-se para os Orixás do morto que estão indo embora, enquanto quebra-se suas vasilhas e quartinhas. Rasga-se a roupa religiosa do falecido. É interessante observar que cada Babalorixá, Ialorixá ou filhos-de-santo que tenha obrigações de quatro-pés, deveria por obrigação, possuir seu copo, sua xícara e talheres de uso particular, já que os mesmos serão utilizados para sua missa, onde estarão seus objetos pessoais, seus vícios e seus alimentos preferidos, que serão incorporados na mesa no dia do café, realizada no sétimo dia após sua morte.Tudo é quebrado e colocado dentro de sacos, que podem ser de panos ou plásticos. Costuma-se também usar balaios. Os sacos e/ou balaio sempre serão carregados "embalados". Ao retornar da praia, é passada uma limpeza em todos os participantes e os mesmos podem então retornar aos seus lares, sempre esfriando a rua antes de sair do local. Antes de adentrar em sua residência, pode-se esborrifar a pessoa. Pode-se utilizar ainda uma limpeza com fogo, retirando toda e qualquer impureza que por ventura ainda reste na aura do participante. Também pode-se utilizar para limpeza de um pequeno saquinho contendo cinzas, limpa, préviamente peneirado, utilizado ao sair de cemitério, etc... A principio os únicos Orixás que não são despachados são o Legbá para os Cabindas e Oyá Timboá para algumas Nações, já que eles são considerados guardiões do templo e continuam sob os cuidados da família consanguínea, de preferência por um membro do sexo masculino. Veja-se que em algumas nações o fundamento determina que inclusive o Legbá seja despachado.Assim, tudo depende dos fundamentos da nação a que pertence o falecido, o Ilê e assim por diante.
FORMA DE MANDAR O ¨ORIXÀ¨ ¨ACUTÀS¨
O primeiro passo no caso de morte é despachar a rua (Bará Lodê), levar o borí até onde o corpo esteja sendo velado, quebra-lo e coloca-lo em baixo da cabeça do morto. Suas guias são arrebentadas por cima de seu corpo, fazendo assim seu desligamento com a função religiosa. Leva-se o Orixá e sua comida (frente) até o seu elemento (praia, cruzeiro, pedra, etc.) Com um pau de camboim ou martelo bate-se no ocutá treze vezes até quebra-lo, e depois coloca-se em cima de sua frente. No caso do Bará corta-se um galo em cima. Os únicos Orixás que não são despachados são o Leba para os Cambindas e Oyá Timboá para algumas Nações, já que eles são considerados guardiões do templo e continuam sob os cuidados da família consanguínea, de preferência por um membro do sexo masculino.

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