
Tenda de Umbanda Pai Tomé e Mãe Rosária, de Dona Tereza e Seu Feliciano.
- YLÈ XANGÔ & OXUM
- 7 de nov. de 2022
- 2 min de leitura
Tenda de Umbanda Pai Tomé e Mãe Rosária, de Dona Tereza e Seu Feliciano. Foto: Daniel Rebello
Anna Finger, Chefe da Divisão Técnica do Iphan, diz que o órgão está “aguardando orientações da área central sobre como tratar o tema, bem como o arrefecimento da pandemia para poder realizar uma reunião presencial com a comunidade desse terreiro e explicar as implicações de um eventual tombamento, alinhando as expectativas dos requerentes com o alcance desse instrumento.” Ela esclarece que o tombamento é um instrumento criado para garantir a preservação dos aspectos materiais do bem, e não a propriedade ou mesmo o uso.
Segundo ela, “o pedido foi fundado não na importância cultural do espaço, mas na ameaça de despejo, então é uma tentativa de possibilitar que ele fique naquele lugar, e o valor cultural foi o argumento que acharam, mas ainda demandaria um estudo bem mais complexo pra dizer se o lugar é, de fato, detentor de valores que justificassem seu tombamento em âmbito federal. Um agravante é a restrição orçamentária que o Iphan enfrenta.”
A principal ação de reconhecimento e preservação da memória chancelada pelo poder público do município é recente e simbólica: uma data. Este ano, por proposição do professor Euler (PSD), a partir de articulações de ativistas, foi instituído o Dia Municipal das Religiões de Matriz Africana, através da Lei 15.861/2021. A celebração ficou marcada para 24 de setembro porque nesse mesmo dia, em 1829, a Câmara Municipal de Curitiba proibiu os batuques e fandangos, tentando silenciar os tambores sagrados.
“Até que enfim conseguimos alterar alguma coisa dentro desse racismo institucionalizado”, comemora o ativista Adegmar José da Silva, o Candieiro, que integra o Fórum das Religiões de Matrizes Africanas de Curitiba e Região Metropolitana e o Centro Cultural Humaita – mas não sem provocar reflexão: “Pena que a lei do silêncio é a lei do batuque aperfeiçoada.”
*Esta reportagem compõe a série “Axé e resistência”, que marca o Mês da Consciência Negra no Plural.
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