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OXUM ABUSO Orixalá sofre frequentemente abusos de sua nora Iansã e de sua própria mulher

  • Foto do escritor: YLÈ XANGÔ & OXUM
    YLÈ XANGÔ & OXUM
  • 4 de fev. de 2019
  • 22 min de leitura

📷 OXUM

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ABUSO

📷Orixalá sofre frequentemente abusos de sua nora Iansã e de sua própria mulher Iemanjá, que o enganou com um orixá de idade superior, Orunmilaiá, e teve uma filha: Oxum.

Esta filha de criação se tornou a favorita e a protegida do pai dos orixás, cozinhando e lavando para ele.

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ADOÇÃO

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📷Os Igbejis são filhos paridos por Iansã, mas abandonados por ela, que os jogou nas águas. Foram abraçados e criados por Oxum como se fossem seus próprios filhos. Doravante, os Igbejis passam a ser saudados em rituais específicos de Oxum e, nos grandes sacrifícios dedicados à deusa, também recebem oferendas.

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ADVINHAÇÃO

📷Ifá era um pobre pescador que vivia miseravelmente. Fez um dia contrato com Elegbá, comprometendo-se a lhe servir de escravo devotado durante dezesseis anos. Elegbá enviou-o à floresta para buscar coquinhos-de-dendê e ensinou-o a prepará-los para a adivinhação.

Mas chegava tanta gente para consultá-lo que Ifá teve necessidade de uma mulher que se ocupasse de sua casa, tomou apetebi, que não era outra senão Oxum.

As pessoas que não conseguiam chegar a ver o próprio Ifá pediam a Oxum que fizesse o favor de tirar a sorte para elas.

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Então Oxum se queixou ao marido de que não conhecia a arte de ler o futuro e, depois de muita insistência , Ifá tomou dezesseis coquinhos, preparou-os e pediu a Elegbá que respondesse por intermédio deles à perguntas feitas por Oxum.

Elegbá aceitou de má vontade, e se hoje realmente responde às questões das apetebis em represália persegue as filhas de Oxum[ ] com mais furor ainda do que os filhos dos outros Orixás.

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AFLIÇÃO

📷Certo dia, o príncipe Logunedé, contrariando as ordens do pai e da mãe para que não brincasse perto do rio por ser perigoso, resolveu arriscar, atravessando de uma margem à outra, montando num tronco de árvore. Subitamente, o tronco virou e Logunedé foi para no fundo do rio. Mesmo sendo bom nadador, Logunedé não conseguia chegar à tona.

Aflitos, e pressentindo algo de errado, Odé e Oxum, seus pais, resolveram ir atrás dele e chegaram até o rio.

O coração de mãe não se enganou. Oxum sabia que filho estava no fundo do rio e apelou para a força de Olorun, a fim de recuperar seu primogênito.

- Pai,- disse ela – não deixe que meu filho se afogue. Eu sou a Rainha das águas doces, e não poderia perder meu filho justamente no fundo de um rio. Salve-o Pai, salve-o!

E Odé também apelou ao pai Olorun:

- Não deixe que meu filho morra, Olorun, não permita!

E Olorun, atendendo aos pedidos do deus da caça e da deusa das cachoeiras, ergueu Logunedé do fundo do rio e advertiu:

-Aí está seu filho que, por sua teimosia, quase perde a vida. De agora em diante fica Logunedé, filho de Ibualama e filho de Ieponda, com a obrigação de zelar pelos rios e prover a pesca.

E, assim, Logunedé passou a reinar nos rios, a cuidar deles e ajudar aos pescadores.

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ALTERNATIVA PERIGOSA

📷Logunedé, o menino caçador, andava pelos matos quando um certo dia, passando pela beira do rio Alaketu, ele viu no meio do rio um palácio muito bonito. Voltou para sua cidade, relatou a beleza deste palácio e sua vontade de ir até lá.

Disseram a ele que era o palácio de Oxum, Lugar em que nenhum homem punha os pés. Passou-se o tempo e Logunedénão encontrava um meio de ir até lá.

Um certo dia, encontrou sua mãe de criação, Iansã, que lhe confirmou que no palácio de Oxum nenhum homem punha os pés e ele só conseguiria entrar se se vestisse como mulher.

Logunedé fascinado e obcecado pelo palácio pediu a Iansã que lhe arrumasse os trajes adequados. Depois de arrumado, pegou sua jangada e se pôs no rio a caminho de palácio. Chegando em terra cantou: Alaketo-ê Ala Ni Mala Ala Ni Mala okê Este oro foi cantando em saudação às águas e pedia permissão à dona do palácio para sua entrada.

Abriram-se os portões e Logunedé entrou e no meio das mulheres Oxum reconheceu seu filho.

Disse que a partir daquele dia Logunedé usaria saia, que lhe daria o direito de reinar ao seu lado.

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CABELEIRA

📷Diz uma das lendas, que Oxum tinha cabelo longo até que Iemanjá roubou-os enquanto Oxum estava ocupada com suas tinta de índigo.

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Oxum consultou seus 16 búzios e ficou sabendo que a ladra era Iemanjá, mas não teve condições de recuperá-los.

Então untou óleo, pano e tintura de índigo ao pouco cabelo que lhe restava e fez um coque, que é exatamente o arranjo de cabelo que até hoje suas sacerdotisas usam.

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CIDADE ESTRANHA

📷Oxum conheceu o príncipe Odé, cuja a delicadeza e a finura a cativaram, acabaram se casando.

O casamento foi muito festejado, mas assim que começaram a vida íntima, Oxum começou a compreender mais profundamente os pensamentos do esposo. Ele queria construir uma cidade destinada a abrigar Odadis e Alakuatás(homossexuais masculinos e femininos).

Já erguida a cidade, nasceu Logum, uma criança hemafrodita.

Horrorizada Oxum abandonou a cidade dos odadis.

O jovem ficou ali e foi o primeiro a ajudar OrunmilÁ.

Enquanto isso Oxum faz uma viagem em busca de Iemanjá, irmã de sua mãe.

Oxum ofereceu-se a sua irmã e aos sacerdotes Iorubás a ir buscar Ogum que estava recluso na mata desde a que perdera a disputa com Xangô por causa da Oiá.

Retornando ao palácio de Iemanjá, depois da festa de boas vindas a Ogum, Oxum conheceu Obaluaiê, homem já de certa idade, mas de aspecto majestoso e viril.

Oxum e Obaluaiê casaram-se e partiram para a terra de jejes onde Obaluaiê era rei.

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CONDENAÇÃO

📷Oxum teve um filho com o pescador de nome Erinlé. Quando nasceu recebeu de seu pai um encantamento que permitia ser por seis meses homem e seis meses mulher.

Nunca ninguém soube deste segredo, pois seus pais viviam viajando. Assim quem o conhecia como mulher não o conhecia como homem.

Um dia sua forma positiva procurou um babalaô para iniciar-se no culto.

O jogo sempre deixava dúvidas até que Orunmilá manifestou-se negativamente. Mas o babalaô por teimosia iniciou-o assim mesmo.

Após seis meses Logunedé disse ao babá que teria que fazer uma viagem de seis meses. Por causalidade o babá a viu no mercado e apaixonou-se e casou com ela. A cabo de seis meses a mesma desculpa para poder assumir a forma masculina.

Só que o babalaô a possuía com muita intensidade que na manhã que teria que partir adormeceu e quando ambos acordaram Logunedé estava na forma masculina.

Ifá condenou-o a morte a menos que o encanto fosse desfeito.

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CONFLITO

📷Um dia, foram juntas ao mercado Oiá e Oxum, esposas de Xangô, e Iemanjá, esposa de Ogum.

Bará entrou no mercado conduzindo uma cabra.

Ele viu que tudo estava em paz e decidiu plantar uma discórdia. Aproximou-se de Iemanjá, 0ia e Oxum e disse que tinha um compromisso importante com Orunmila.

Ele deixaria a cidade e pediu a elas que vendessem sua cabra por vinte búzios.

Propôs que ficassem com a metade do lucro obtido. Iemanjá, Oiá e Oxum concordaram e Bará partiu.

a cabra foi vendida por vinte búzios.

Iemanjá, Oiá e Oxum puseram os dez búzios de Bará a parte e começaram a dividir os dez búzios que lhe cabiam.

Iemanjá, contou os búzios. Haviam três búzios para cada uma delas, mas sobraria um. Não era possível dividir os dez em três partes iguais, da mesma forma Oiá e Oxum tentaram e não conseguiram dividir os búzios por igual.

Aí as três começaram a discutir sobre quem ficaria com a maior parte.

Iemanjá disse: é costume que os mais velhos fiquem com a maior porção, portanto, eu pegarei um búzio a mais.

Oxum rejeitou a proposta de Iemanjá, afirmando que o costume era que os mais novos ficassem com a maior porção, que por isso lhe cabia.

Oiá intercedeu, dizendo que, em caso de contenda semelhante, a maior parte caberia à do meio.

As três não conseguiam resolver a discussão.

Então elas chamaram um homem do mercado para dividir os búzios de maneira igual entre elas.

Ele pegou os búzios e colocou em três montes iguais. e sugeriu que o décimo búzio fosse dado a mais velha.

Mas Oiá e Oxum, que eram a segunda mais velha e a mais nova, rejeitaram o conselho.

Elas se recusaram a dar a Iemanjá a maior parte.

Pediram a outra pessoa que dividisse os búzios.

Ele os contou, mas não pôde dividi-los por igual.

Propôs que a parte maior fosse dado à mais nova. Não houve acerto. A briga se formou.

Bará voltou ao mercado para ver como estava a discussão. Ele disse: onde está minha parte?

Elas deram a ele dez búzios e pediram para dividir os dez búzios delas de modo igual como ninguém conseguira.

Bará deu três a Iemanjá, três a Oiá e três a Oxum, o décimo búzio ele segurou.

Colocou-o num buraco no chão e cobriu com terra.

Bará disse que o búzio extra era para os antepassados, conforme o costume que se seguia no orun.

Toda vez que alguém recebe algo de bom, deve-se lembrar dos antepassados.

Dá-se uma parte das colheitas, dos banquetes e dos sacrifícios aos orixás, aos antepassados.

Assim também com o dinheiro. Este é o jeito como é feito no céu. Assim também na terra deve ser.

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DESENTENDIMENTO

📷Oiá andava pelo mundo disfarçada de novilha.

Um dia Odé a viu sem a pele e se apaixonou.

Casou-se com Oiá e escondeu a pele da novilha, para ela não fugir dele.

Oiá teve dezesseis filhos com Odé.

Oxum, que era a primeira esposa de Odé e que não tinha filhos, foi quem criou todos os filhos de Oiá.

O primeiro a nascer chamou-se Togum.

Depois nasceram os gêmeos, os Ibejis, e depois deles, Idoú.

Nasceu depois uma menina Alabá, seguida do menino Odobé.

E depois os demais filhos de Oiá e Odé.

Os meninos pareciam-se com o pai, as meninas, com a mãe.

Oiá tinha os filhos que Oxum criava e assim viviam na casa de Odé.

Um dia as duas mães se desentenderam.

Oxum mostrou a Oiá onde estava sua pele.

Oiá recuperou a pele de novilha, reassumiu sua forma animal e fugiu.

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DOMÍNIO

📷No início dos tempos, cada orixá dominava um elemento da natureza, não permitindo que nada, nem ninguém, o invadisse.

Guardavam sua sabedoria como a um tesouro.

É nesse contexto que vivia a mãe das água doces, Oxun, e o grande caçador Odè.

Esses dois orixás constantemente discutiam sobre os limites de seus respectivos reinados, que eram muito próximos.

Odè ficava extremamente irritado quando o volume das águas aumentavam e transbordavam de seus recipientes naturais, fazendo alagar toda a floresta.

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Oxun argumentava, junto a ele, que sua água era necessária à irrigação e fertilização da terra, missão que recebera de Olorun.

Odè não lhe dava ouvidos, dizendo que sua caça iria desaparecer com a inundação.

Olorun resolveu intervir nessa guerra, separando bruscamente esses reinados, para tentar apaziguá-los.

A floresta de Odè logo começou a sentir os efeitos da ausência das águas.

A vegetação, que era exuberante, começou a secar, pois a terra não era mais fértil.

Os animais não conseguiam encontrar comida e faltava água para beber. A mata estava morrendo e as caças tornavam-se cada vez mais raras.

Odè não se desesperou, achando que poderia encontrar alimento em outro lugar.

Oxun, por sua vez, sentia-se muito só, sem a companhia das plantas e dos animais da floresta, mas também não se abalava, pois ainda podia contar com a companhia de seus filhos peixes para confortá-la.

Odè andou pelas matas e florestas da Terra, mas não conseguia encontrar caça em lugar algum.

Em todos os lugares encontrava o mesmo cenário desolador.

A floresta estava morrendo e ele não podia fazer nada.

Desesperado, foi até Olorun pedir ajuda para salvar seu reinado, que estava definhando.

O maior sábio de todos explicou-lhe que a falta d’água estava matando a floresta, mas não poderia ajudá-lo, pois o que fez foi necessário para acabar com a guerra.

A única salvação era a reconciliação.

Odè, então, colocou seu orgulho de lado e foi procurar Oxun, propondo a ela uma trégua. Como era de costume, ela não aceitou a proposta na primeira tentativa.

Oxun queria que Odé se desculpasse, reconhecendo suas qualidades. Ele, então, compreendeu que seus reinos não poderiam sobreviver separados, unindo-se novamente, com a benção de Olorun.

Dessa união nasceu um novo orixá, um orixá príncipe, Logunedé, que iria consolidar esse casamento, bem como abrandar os ímpetos de seus pais.

Logunedé sempre ficou entre os dois, fixando-se nas margens das águas, onde havia uma vegetação abundante. Sua intervenção era importante para evitar as cheias, bem como a estiagem prolongada.

Ele procurava manter o equilíbrio da natureza, agindo sempre da melhor maneira para estabelecer a paz e a fertilidade.

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EKODIDE

📷Certa vez, numa festa de Oxalá, as sacerdotisas dos vários orixás, com inveja da de Oxum, puseram-lhe um feitiço: quando todos se levantaram para saudar Oxalá, ela ficou presa na cadeira e suas roupas ficaram sujas de sangue.

Todos riram e Oxalá ficou zangado.

A sacerdotisa, envergonhada, tentou se esconder, mas nenhum orixá lhe abriu a porta.

Só Oxum a recebeu e transformou as gotas de sangue em penas de papagaio.

Sabendo dessa magia, os outros orixás vieram prestar homenagem a Oxum e Oxalá lhe deu a proteção das filhas de santo, que durante a iniciação passaram a usar uma pena vermelha na testa.

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ESTRONDOS

📷Xangô vivia em seu reino com suas 3 mulheres, Iansã, Oxum e Obá, muitos servos, exércitos, gado e riquezas.

Certo dia, ele subiu num morro próximo, junto com Iansã; ele queria testar um feitiço que inventara para lançar raios muito fortes.

Quando recitou a fórmula, ouviu-se uma série de estrondos e muitos raios riscaram o céu. Quando tudo se acalmou, Xangô olhou em direção à cidade e viu que seu palácio fora atingido.

Ele e Iansã correram para lá e viram que não havia sobrado nada nem ninguém. Desesperado, Xangô bateu com os pés no chão e afundou pela terra; Iansã o imitou.

Oxum e Obá viraram rios e os 4 se tornaram Orixás.

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FECUNDIDDADE

📷Houve um tempo em que os orixás masculinos se reuniam para discutir sobre a vida dos mortais e não deixavam as deusas participarem das decisões. Aborrecida com isso, Oxum fez com que as mulheres ficassem estéreis e então tudo deu errado na terra.

Os orixás foram consultar Olorum e ele explicou que sem a presença de Oxum com seu poder sobre a maternidade, nada poderia dar certo.

Os orixás, então, convidaram Oxum para participar das reuniões: as mulheres voltaram a ser fecundas e todos os projetos dos orixás tiveram bom resultado.

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FUJIDINHA

📷Conta a lenda que Oxun teve uma grande paixão na sua vida: Odé, mais na época era casada com Ògún e não podia ter nada com Odé.

Numa das saídas de Ògun para guerrear, Oxun encontrou Odé e dele ela engravidou.

Nove meses depois, quando a criança estava para nascer, Ògún mandou recado que estava regressando.

Oxum não podia mostrar a ele a criança.

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Ela deu a luz a um menino e o pôs em cima de um lírio e ali o deixou e foi embora.

Iansã passando viu aquela criança e sabia que era de Oxum, pegou e criou Logunedé.

Iansã o ensinou a caçar e pescar.

Logunedé viveu com Iansã durante muito tempo.

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GRAVIDEZ

📷Um dia Oxum Iopondá conheceu o caçador Erinlé e por ele se apaixonou perdidamente. Mas Erinlé não quis saber de Oxum.

Oxum não desistiu e procurou um babalaô. Ele disse que Erinlé só se sentia atraído pelas mulheres da floresta, nunca pelas do rio.

Oxum pagou o babalaô e arquitetou um plano: embebeu seu corpo em mel e rolou pelo chão da mata. Agora sim, disfarçada de mulher da mata, procurou de novo seu amor. Erinlé se apaixonou por ela no momento em que a viu. Esquecendo-se das palavras do adivinho, Iopondá convidou Erinlépara um banho no rio.

Mas as águas lavaram o mel de seu corpo e as folhas do disfarce se desprenderam.

Erinlé percebeu imediatamente como tinha sido enganado e abandonou Oxum para sempre. Foi-se embora sem olhar para trás.

Oxum estava grávida; deu à luz a Logunedé.

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INVEJA

📷Vivia Oxum no palácio em Ijimu, passava os dias no seu quarto olhando seus espelhos, eram conchas polidas onde apreciava sua imagem bela.

Um dia saiu Oxum do quarto e deixou a porta aberta, sua irmã Oiá entrou no aposento, extasiou-se com aquele mundo de espelhos, viu-se neles.

As conchas fizeram espantosa revelação a Oiá, ela era linda! A mais bela! A mais bonita de todas as mulheres! Oiádescobriu sua beleza nos espelhos de Oxum, Oiá se encantou, mas também se assustou: era ela mais bonita que Oxum, a Bela.

Tão feliz ficou que contou do seu achado a todo mundo, e Oxum Apará remoeu amarga inveja, já não era a mais bonita das mulheres, vingou-se.

Um dia foi à casa de Egungum e lhe roubou o espelho, o espelho que só mostra a morte, a imagem horrível de tudo o que é feio, pôs o espelho do Espectro no quarto de Oiá e esperou, Oiá entrou no quarto, deu-se conta do objeto, Oxum trancou Oiá pelo lado de fora, Oiá olhou no espelho e se desesperou.

Tentou fugir, impossível, estava presa com sua terrível imagem, correu pelo quarto em desespero, atirou-se no chão, bateu a cabeça nas paredes, não logrou escapar nem do quarto nem da visão tenebrosa da feiúra. Oiá enlouqueceu, Oiádeixou este mundo.

Obatalá, que a tudo assistia, repreendeu Apará e transformou Oiá em orixá.

Decidiu que a imagem de Oiá nunca seria esquecida por Oxum. Obatalá condenou Apará a se vestir para sempre com as cores usadas por Oiá, levando nas jóias e nas armas de guerreira o mesmo metal empregado pela irmã.

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PRIMEIRO AS JÓIAS DEPOIS OS FILHOS

📷Oxum era muito bonita, dengosa e vaidosa. Como o são, geralmente, as belas mulheres. Ela gostava de panos vistosos, marrafas de tartaruga e tinha, sobretudo, uma grande paixão pelas jóias de cobre.

Oxum era cliente dos comerciantes de cobre.

Omiro wanran wanran wanran omi ro!

A água corre fazendo o ruído dos braceletes de Oxum! Oxum lavava suas jóias, antes mesmo de lavar suas crianças. Mas tem, entretanto, a reputação de ser uma boa mãe e atende às súplicas das mulheres que desejam ter filhos.

Oxum foi a segunda mulher de Xangô. A primeira chamava-se Oiá-Iansã e a terceira Obá.

Oxum tem o humor caprichoso e mutável. Alguns dias, suas águas correm aprazíveis e calmas, elas deslizam com graça, frescas e límpidas, entre margens cobertas de brilhante vegetação. Numerosos vãos permitem atravessar de um lado a outro. Outras vezes suas águas, tumultuadas, passam estrondando, cheias de correntezas e torvelinhos, transbordando e inundando campos e florestas.

Ninguém poderia atravessar de uma margem à outra, pois ponte nenhuma as ligava. Oxum não toleraria uma tal ousadia!

Quando ela está em fúria, ela leva para longe e destrói as canoas que tentam atravessar o rio.

Olowu, o rei de Owu, seguido de seu exército, ia para a guerra.

Por infelicidade, tinha que atravessar o rio num dia em que este estava encolerizado.

Olowu fez a Oxum uma promessa solene, entretanto, mal formulada. Ele declarou: Se você baixar o nível de suas águas, para que eu possa atravessar e seguir para a guerra, e se eu voltar vencedor, prometo a você nkan rere, isto é, boas coisas.

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Oxum compreendeu que ele falava de sua mulher, Nkan, filha do rei de Ibadan. Ela Baixou o nível das águas e Olowucontinuou sua expedição. Quando ele voltou, algum tempo depois, vitorioso e com um espólio considerável, novamente encontrou Oxum com o humor perturbado.

O rio estava turbulento e com suas águas agitadas.

Olowu mandou jogar sobre as vagas toda sorte de boas coisas, as nkan rere prometidas: tecidos, búzios, bois, galinhas e escravos.

Mel de abelhas e pratos de mulukun, iguaria onde suavemente misturam-se cebolas, feijão fradinho, sal e camarões. Mas Oxum devolveu todas estas coisas boas sobre as margens. Era Nkan, a mulher de Olowu, que ela exigia.

Olowu foi obrigado a submeter-se e jogar nas águas a sua mulher. Nkan estava grávida e a criança nasceu no fundo do rio. Oxum, escrupulosamente, devolveu o recém-nascido dizendo: É Nkan que me foi solenemente prometida e não a criança. Tome-a!.

As águas baixaram e Olowu voltou tristemente para sua terra.

O rei de Ibadan, sabendo do fim trágico de sua filha, indignado declarou: Não foi para que ela servisse de oferenda a um rio que eu a dei em casamento a Olowu!

Ele guerreou com o genro e o expulsou do país.

O Rio Oxum passa em um lugar onde suas águas são sempre abundantes. Por esta razão é que Larô, o primeiro rei deste lugar, aí instalou-se e fez um pacto de aliança com Oxum. Na época em que chegou, uma de suas filhas fora se banhar. O rio a engoliu sob as águas. Ela só saiu no dia seguinte, soberbamente vestida, e declarou que Oxum a havia bem acolhido no fundo do rio.

Larô, para mostrar sua gratidão, veio trazer-lhe oferendas. Numerosos peixes, mensageiros da divindade, vieram comer, em sinal de aceitação, os alimentos jogados nas águas. Um grande peixe chegou nadando nas proximidades do lugar onde estava Larô.

O peixe cuspiu água, que Larô recolheu numa cabaça e bebeu, fazendo, assim, um pacto com o rio. Em seguida ele estendeu suas mãos sobre a água e o grande peixe saltou sobre ela. Isto é dito em iorubá: Atewo gba ejá. O que deu origem a Ataojá, título dos reis do lugar.

Ataojá declarou então: "Oxum gbô!" "Oxum esta em estado de maturidade, suas águas são abundantes." Dando origem ao nome da cidade de Oxogbô. Todos os anos faz-se, aí, grandes festas em comemoração a todos estes acontecimentos.

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O ENCANTADO

📷Logunedè era filho de Oxóssi com Oxun.

Era príncipe do encanto e da magia.

Odé e Oxum eram dois Orixás muito vaidosos.

Orgulhosos, eles viviam às turras.

A vida do casal estava insuportável e resolveram que era melhor separar.

O filho ficaria metade do ano nas matas com Odé e a outra metade com Oxum no rio.

Com isso, Logunedé se tornou uma criança de personalidade dupla: cresceu metade homem, metade mulher.

Oxum proibiu Logunedé de brincar nas águas fundas, pois os rios eram traiçoeiros para uma criança de sua idade.

Mas Logun era curioso e vaidoso como os pais.

Logun não obedecia à mãe.

Um dia Logun nadou rio adentro, para bem longe da margem.

Obá, dona do rio, para vingar-se de Oxum, com quem mantinha antigas rusnas, começou a afogar Logundé.

Oxum ficou desesperada e pediu a Orunmilá que lhe salvasse o filho, que a amparasse nos seu desespero de mãe.

Orunmilá que sempre atendia à filha de Oxalá, retirou o príncipe das águas traiçoeiras e o trouxe de volta à terra.

Então deu-lhe a missão de proteger os pescadores e a todos que vivessem das águas doces.

Dizem que Oiá quem retirou Logunedé da água e terminou de criá-lo juntamente com Ogun.

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O CORTEJO

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Um dia Orunmilá saiu de seu palácio para dar um passeio acompanhado de todo seu séqüito. Em certo ponto deparou com outro cortejo, do qual a figura principal era uma mulher muito bonita.

Orunmilá ficou impressionado com tanta beleza e mandou Bará, seu mensageiro, averiguar quer era ela.

Bará apresentou-se ante a mulher com todas as reverências e falou que seu senhor, Orunmilá, gostaria de saber seu nome.

Ela disse que era Iemanjá, rainha das águas e esposa de Oxalá.

Bará voltou à presença de Orunmilá e relatou tudo o que soubera da identidade da mulher.

Orunmilá, então, mandou convidá-la ao seu palácio, dizendo que desejava conhecê-la. Iemanjá não atendeu o seu convite de imediato, mas um dia foi visitar Orunmilá.

Ninguém sabe ao certo o que se passou no palácio, mas o fato é que Iemanjá ficou grávida depois da visita a Orunmilá.

Iemanjá deu a luz a uma linda menina.

Como Iemanjá já tivera muitos filhos com seu marido, Orunmilá enviou Bará para comprovar se a criança era mesmo filha dele. Ele devia procurar sinais no corpo. Se a menina apresentasse alguma marca, mancha ou caroço na cabeça seria filha de Orunmilá e deveria ser levada para viver com ele.

Assim foi atestado, pelas marcas de nascença, que a criança mais nova de Iemanjá era de Orunmilá.

Foi criada pelo pai, que satisfazia todos os seus caprichos.

Por isso cresceu cheia de vontades e vaidades, o nome dessa filha é Oxum.

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PERDIDO

📷Estava Odé o rei da caça a caminhar por um lindo bosque em companhia de sua amada esposa Oxum, dona da beleza da riqueza e portadora dos segredos da maternidade.

Quando de seu passeio, foi avistado por Oxum um lindo menino que estava a beira do caminho a chorar, encontrando-se perdido, Oxum de pronto agrado, acolheu e amparou o garoto, onde surgiu nesse exato momento uma grande identificação, entre ele, Oxum e Odé. Durante muitos anos Oxum e Odé, cuidaram e protegeram-lhe, sendo que, Oxum procurou durante todo esse tempo a mãe do menino, porém sem sucesso, resolveu te-lo como próprio filho.

O tempo foi passando e Odé, vestiu o menino com roupas de caça e ornamentou-o com pele de animais, proveniente de suas caçadas. Ensinou a arte da caça, de como manejar e empunhar o arco e a flecha, ensinou os princípios da confraternidade para com as pessoas e o dom do plantio e da colheita, ensinou a ser audaz e a ter paciência, a arte e a leveza, a astúcia e a destreza, provenientes de um verdadeiro caçador.

Oxum por sua vez, ensinou ao garoto o dom da beleza, o dom da elegância e da vaidade, ensinou a arte da feitiçaria, o poder da sedução, a viver e sobreviver sobre o mundo das águas doces, ensinou seus segredos e mistérios. Foi batizado por sua mãe e por seu pai de Lógún Edé, o príncipe das matas e o caçador sobre as águas.

Viveu durante anos sobre a proteção de pai e mãe, tornando-se um só, aprendendo a ser homem, justo e bondoso, herdando a riqueza de Oxum e a fartura de Odé, adquirindo princípios de um e princípios de outro, tornando-se herdeiro até nos dias de hoje de tudo que seu pai Odé carrega e sua mãe Oxum leva.

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PODER DO BRINQUEDO

📷Os Ibejis, orixás gêmeos, viviam para se divertir, eram filhos de Oxum e Xangô.

Viviam tocando uns pequenos tambores mágicos que ganharam de sua mãe adotiva, Iemanjá.

Nesta época Iku, a morte, colocou armadilhas em todos os caminhos e começou a comer todos os humanos que caiam em suas arapucas.

Homens, mulheres, crianças ou velhos, Iku devorava todos. Iku pegava os seres humanos entes do seu tempo aqui no Aye. O terror se alastrou pelo mundo.

Sacerdotes, bruxos, adivinhos, curandeiros se reuniram, mas foram vencidos também por Iku, e os humanos continuavam a morrer antes do tempo.

Os Ibejis, então, armaram um plano para deter Iku.

Pegaram uma trilha mortal onde Iku preparara uma armadilha, um ia na frente e o outro seguia atrás escondido pelo mato a pouca distância.

O que seguia pela trilha ia tocando seu pequeno tambor e tocava com tal gosto e maestria que a morte ficou maravilhada, e não quis que ele morresse e o avisou da armadilha.

Iku se pôs a dançar inebriadamente, enfeitiçada pelo som mágico do tambor.

Quando um irmão cansou de tocar, sem que a morte percebesse o outro veio tocar em seu lugar. E assim foram se revezando, sem Iku perceber e ela não parava de dançar e a musica jamais cessava. Iku já estava esgotada e pediu para parar, e eles continuavam tocando para a dança tétrica. Iku implorava uma pausa para descanso. Então os Ibejispropuseram um pacto.

A musica cessaria mas Iku teria que jurar que tiraria todas as armadilhas.

Iku não tinha escolha, rendeu-se; os gêmeos venceram.

Foi assim que ibejis salvaram os homens e ganharam fama de muito poderosos, por que nenhum outro orixá conseguiu ganhar aquela peleja contra a morte.

Os Ibejis são poderosos, mas os que eles gostam mesmo é de brincar.

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📷Conta-nos uma lenda, que Oxum queria muito aprender os segredos e mistérios da arte da adivinhação, para tanto, foi procurar Bará, para aprender os princípios de tal dom.

Bará, muito matreiro, falou à Oxum que lhe ensinaria os segredos da adivinhação, mas para tanto, ficaria Oxum sobre os domínios de Bará durante sete anos, passando, lavando e arrumando a casa do mesmo, em troca ele a ensinaria.

E, assim foi feito, durante sete anos Oxum foi aprendendo a arte da adivinhação que Bará lhe ensinará e consequentemente, cumprindo seu acordo de ajudar nos afazeres domésticos na casa de Bará.

Findando os sete anos, Oxum e Bará, tinham se apegado bastante pela convivência em comum, e Oxum resolveu ficar em companhia desse Òrìsà.

Em um belo dia, Xangô que passava pelas propriedades de Bará, avistou aquela linda donzela que penteava seus lindos cabelos a margem de um rio e de pronto agrado, foi declarar sua grande admiração para com Oxum.

Foi-se a tal ponto que Xangô, viu-se completamente apaixonado por aquela linda mulher, e perguntou se não gostaria de morar em sua companhia em seu lindo castelo na cidade de Oyó .

Oxum rejeitou o convite, pois lhe fazia muito bem a companhia de Bará.

Xangô então irado e contradito, seqüestrou Oxum e levou-a em sua companhia, aprisionando-a na masmorra de seu castelo.

Bará, logo de imediato sentiu a falta de sua companheira e saiu a procurar, por todas as regiões, pelos quatro cantos do mundo sua doce pupila de anos de convivência.

Chegando nas terras de Xangô, Bará foi surpreendido por um canto triste e melancólico que desvinha da direção do palácio do Rei de Oyó, da mais alta torre.

Lá estava Oxum, triste e a chorar por sua prisão e permanência na cidade do Rei.

Bará, esperto e matreiro, procurou a ajuda de Òrùnmílá, que de pronto agrado lhe cedeu uma poção de transformação para Oxum desvencilhar-se dos domínios de Xangô.

Bará, atravéz da magia pode fazer chegar as mãos de sua companheira a tal poção.

Oxum tomou de um só gole a poção mágica e transformou-se em uma linda pomba dourada, que voôu e pode então retornar em companhia de Bará para sua morada.

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PROMESSA PAGA

📷Quando Xangô pediu Oxum em casamento, ela disse que aceitaria com a condição de que ele levasse o pai dela, Oxalá, nas costas para que ele, já muito velho, pudesse assistir ao casamento. Xangô, muito esperto, prometeu que depois do casamento carregaria o pai dela no pescoço pelo resto da vida; e os dois se casaram. Então, Xangô arranjou uma porção de contas vermelhas e outra de contas brancas, e fez um colar com as duas misturadas. Colocando-o no pescoço, foi dizer a Oxum: “- Veja, eu já cumpri minha promessa. As contas vermelhas são minhas e as brancas, de seu pai; agora eu o carrego no pescoço para sempre.”

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RECOMPENSA

📷Houve uma festa e todos os Orixás estavam presentes. Menos Xapanã que ficara do lado de fora. Ogum pergunta por que o irmão não vem e Nanã responde que é por vergonha de suas feridas causadas pelas doenças. Ogum resolve ajudá-lo e o leva até a floresta onde tece para ele uma roupa de palha que lhe cobre o corpo todo. O filá!

Mas a ajuda não dá muito certo, pois muitos viram o que Ogum fizera e continuavam a ter nojo de dançar com o jovem Orixá, menos Iansã, altiva e corajosa, dança com ele e com eles o vento de Iansã que levanta a palha e para espanto de todos, revela um homem lindo, sem defeito algum.

Todos os Orixás presentes, ficam estupefatos com aquela beleza, principalmente Oxum, que se enche de inveja, mas agora é tarde, Xapanã não quer mais dançar com ninguém.

Em recompensa pelo gesto de Iansã, Xapanã dá a ela o poder de também reinar sobre os mortos.

Mas daquele dia em diante, Xapanã declarou que somente dançaria sozinho.

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SEGURANÇA

📷Oiá queria Xangô só para ela, pois sofria quando ele saía.

Para impedir que Xangô saísse de casa, chamou os mortos a sua presença, e a casa de Oiá ficou cercada de Eguns, assim Xangô tornou-se prisioneiro de Oiá.

Cada vez que ele tentava sair e abria a porta, os Eguns vinham ao seu encontro chiando.

Xangô aterrorizado não saía a rua, um dia na ausência de Oiá, Oxum foi visitar Xangô que lhe contou tudo. Oxum preparou uma garrafada com aguardente, mel, e pó de efum.

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VIDA E MORTE

📷Obatalá explica a Oxum que não pode interferir no processo de vida e morte, mas tem, como ela mesma ter poderes para criar e consagrar símbolos que perpetuem um ser.

Que o represente em qualquer situação e que possa ser renovado constantemente.

Um símbolo vivo de alguém que já morreu!

E este símbolo deverá participar de todos os rituais em nossa honra! E representará, com sua presença, não só a presença de seu pupilo, como também de todos aqueles que um dia receberam o sagrado OXU, que estabelece a aliança firmada entre o iniciado e seu Orixá! Um símbolo que possa representar também a Terra, onde habitam seus corpos depois de levados por IKU!

a galinha d'angola gritaram todos em unissono.

Oxum providenciou, imediatamente, uma galinha d'angola, que naquele tempo era inteiramente preta, e Obatalá lá soprou sobre ela pó de efun, pintalgando-a de branco, como hoje ela é.

Oxum, então, modelou, com manteiga de orí da Costa, um cone ao qual acrescentou diversos componentes mágicos, e fixo-o sobre a cabeça da ave, dando a ela o status de Odoxu, aquele que possui oxu, que distingue os iniciados no culto dos Orixás.

Obatalá sentenciou: A partir desse dia, serás representado, em todos os rituais, por ETU, a galinha d'angola. Qualquer ritual em que ela não estiver presente, não será por nós validado.

Esta ave é, a partir de agora o símbolo dos iniciados do qual foste o precursor e, por isso nascerá provida de OXU e da pintura de efun que é feita em minha honra!

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VISITANTE ILUSTRE

📷Oxalá, numa de suas caminhadas pelo mundo, iria passar pela aldeia de Oxum, onde pretendia parar e descansar.

Bará, mensageiro dos orixás, correu para avisar Oxum que o grande orixá fun-fun estava a caminho de sua cidade. Era preciso organizar uma grande recepção, pois a visita era muito importante para todos.

Ela, então, apressou-se com os preparativos da festa, ordenando a limpeza de todas as casas e lugares públicos da aldeia, bem como que os enfeites utilizados fossem da cor branca.

Oxum cuidou pessoalmente da ornamentação e limpeza de seu palácio, pois tudo tinha que estar perfeito, à altura de Oxalá.

Com tantos afazeres importantes, em tão curto espaço de tempo, Oxum não se lembrou de convidar as Iyami para a grande festa.

As feiticeiras não perdoaram essa desfeita.

Sentindo-se muito desprestigiadas, resolveram desmoralizar Oxum perante os convidados.

No dia da chegada de Oxalá à cidade, Oxorongá entrou disfarçada no palácio para colocar, no assento do trono da Oxum, um preparado mágico, que não fora notado por ninguém.

Toda a cidade estava impecavelmente limpa e ornamentada.

O palácio de Oxum, que fora caprichosamente preparado, tinha seus móveis e utensílios cobertos por tecidos de uma alvura imaculada.

Branca também seria a cor das roupas utilizadas na cerimônia.

Oxalá finalmente chegou, sendo respeitosamente reverenciado numa grande demonstração de fé e admiração ao grande mensageiro da paz.

Oxum, sentada em seu trono, esperava com impaciência a entrada de Oxalá em seu palácio, quando iria oferecer-lhe seu próprio assento. Mas, ao tentar levantar-se, percebeu que estava presa em sua cadeira e, por mais força que fizesse, não conseguia soltar-se.

O esforço que empreendeu foi tão grande, que, mesmo ferida, conseguiu ficar em pé, mas uma poça de sangue havia manchado suas roupas e também sua cadeira.

Quando Oxalá viu aquele sangue vermelho no trono em que se sentaria, ficou tão contrariado, que saiu imediatamente do recinto, sentindo-se muito ofendido.

Oxum, envergonhada com o acontecido, não conseguia entender porque havia ficado presa em sua própria cadeira, uma vez que ela mesma tinha cuidado de todos os preparativos.

Escondendo-se de todos, foi consultar o oráculo de Ifá para obter um conselho. O jogo, então, lhe revelou que Oxorongá havia colocado feitiço em seu assento, por não ter sido convidada.

Bará, a pedido de Oxum, foi em busca do grande pai, para relatar-lhe o ocorrido.

Oxalá retornou ao palácio, onde a grande mãe das águas estava sentada de cabeça baixa, muito constrangida. Quando ela o viu, começou a abanar seu abebé, transformando o sangue de suas roupas em penas vermelhas, que, ao voar, caíram sobre a cabeça de todos os que ali estavam, inclusive a de Oxalá.

Em reconhecimento ao esforço que ela empreendeu para homenageá-lo, ele aceitou aquela pena vermelha ekodide, prostrando-se à sua frente, em sinal de agradecimento.

A partir de então, essa pena foi introduzida nos rituais de feitura do Candomblé.


 
 
 

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