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CONHEÇA MÃE KÁTIA LUZ D’OMULÚ, A TERCEIRA IYALORIXÁ DE SUA GERAÇÃO

  • Foto do escritor: YLÈ XANGÔ & OXUM
    YLÈ XANGÔ & OXUM
  • 7 de nov. de 2022
  • 3 min de leitura

Então, é um ponto de conexão com o divino. 

E a comida de Santo é feita pela Iabassé?

A Iabassé é a cozinheira de Santo, mas tem casas que não tem esse cargo. É feita por todos que estão ali. Quem está na cozinha, né? Quem cozinha direito. Daí, é passado para as orações. Porque tudo que se faz na cozinha de Santo tem as suas orações. Então, desde que a gente acende a vela na cozinha, faz a primeira oração, canalizando a potencialidade dos orixás para abençoar toda aquela comida, todo aquele preparo que vai acontecer. Tanto daquilo que vai ser oferecido à orixá, quanto o que a gente vai comer, para que aquilo seja abençoado para toda a coletividade.

Então, ali vai ter as rezas, tá ali na panela, está cozinhando, está mexendo, tá rezando, tá fazendo toda essa energia, essa troca do axé. Porque pra gente, tudo que é falado, é dito, é rezado, consagrado, tudo tem um axé de Deus que é através da fala, do sopro divino que vem, através do nosso hálito, através da nossa fala, através daquilo que a gente emana do nosso verbo.

Podemos dizer então que a alimentação ancestral é uma forma de resistência, né?

Ah, completamente. O acarajé é um deles, né? Tem uma briga, inclusive, sobre a apropriação cultural do acarajé. Porque na Bahia tem gente lá dizendo, “ah, acarajé de Jesus”. Ei, hello, Jesus não comia acarajé, vamos lá. Ele por si só não pode nem comer dendê porque uma pessoa que é de Óxala não pode comer dendê. Cai fora que não pode ser de Jesus nunca isso. 

Saiba mais sobre a questão no episódio 4 do Alimentação Ancestral.

ÍSobre o racismo religioso, você acredita que se as pessoas tivessem mais informação sobre a origem do que estão comendo, isso poderia colaborar pra melhorar essa questão?

Eu não saberia dizer se as pessoas tivessem essa consciência, o que mudaria, mas teve um tempo, uns anos atrás, que uma diretora pediu pra gente levar até a escola. A gente estava com um trabalho aqui de um varal cultural e mandamos uma comunicação para os colégios para que pudessem trazer alunos para conhecer. Apenas um colégio falou que não podia trazer por causa da logística e perguntou se a gente podia levar. E a gente levou pra lá e depois eles nos chamaram em outra oportunidade também, porque estava tendo intolerância com crianças menores de dez anos de idade. Pensa só, crianças, intolerância religiosa com menos de dez anos de idade. Criança só aprende com adulto, não tem jeito. E daí a gente chegou lá eles estavam em aula, preparamos tudo e eu falei pra diretora: “eu vou fazer pipoca porque não tem quem não resista um cheiro de uma pipoca estourada na hora ali”. Aquele cheirinho foi adentrando nas salas e daí eles entraram no recreio, já começaram ver aquilo que estava exposto, mas todo mundo vinha e pegava o saquinho de pipoca e comia a pipoca. A gente deixou muito livre e depois começamos a conversar que a pipoca é um símbolo de cura. Eu fui mostrando que o milho duro, quando ele vai pro fogo, como que se transforma em outro tipo de alimento e o quanto é bom de comer e que a gente trabalha para trazer a cura na pessoa, pra fazer limpezas energéticas. E eles foram observando, escutando e eles perguntavam. Então, a gente trabalha para desmistificar.

Você já sofreu racismo religioso?

Olha, desde menina. Minha mãe me colocou num colégio de freira, o Imaculado da Conceição. Lá, meu Jesus, “filha de bruxa” é o mínimo que eu escutei. Então, eu virei a guerreira. Coisas que eu sou. Sou filha de Iansã mesmo, acho que é por isso. Ali era sempre uma briga e eu pedia para a mãe me tirar. Até que chegou num limite que as irmãs já não aguentavam mais e ela me botou de novo num colégio público. Porque é um inferno, né? Tu não tens essa noção. E só para ter noção do preconceito, eu nem era a médium ainda lá dentro de um terreiro, né? Eu era só filha de uma macumbeira. Eu não fui convidada para nenhum aniversário de quinze anos. Às minhas amigas que foram no meu aniversário de quinze anos, elas já tinham dezoito anos. As pessoas acham que a gente vai pra dentro de um terreiro, numa sessão, para estar movendo energias de mal para alguém, sabe? Isso é uma coisa que dói na alma da gente. 

 
 
 

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