
A Mazonas Dahoyem Casadora
- YLÈ XANGÔ & OXUM
- 2 de nov. de 2022
- 1 min de leitura
Seh-Dong-Hong-Beh (que significa “Deus fala verdade”) foi uma líder das Amazonas do Daomé. Em 1851, liderou um exército feminino composto por 6.000 guerreiras contra a fortaleza Egba de Abeokuta, para obter escravos do povo Egba para o tráfico de escravos do Daomé. No Brasil, no ano anterior, fora sancionada a Lei Eusebio de Queiroz, que proibia a entrada de escravos africanos no país.
Uma delegação francesa que visitou o Daomé na década de 1880 relatou ter assistido ao treinamento de uma garota amazona de cerca de dezesseis anos. Os registros afirmam que com três movimentos do terçado cortou completamente a cabeça de um prisioneiro. Ela limpou, então, o sangue de sua espada e o engoliu. Suas companheiras amazonas gritaram com frenética aprovação. Era costume na região, entre os guerreiros da época, voltar para casa com a cabeça e genitais dos adversários.
Apesar do treinamento brutal que sofreram como soldados do rei, para muitas mulheres, foi uma chance de escapar das vidas de trabalho interno forçado. Servir no N’Nonmiton oferecia às mulheres a oportunidade de “subir a posições de comando e influência”, assumindo papéis proeminentes no Grande Conselho, debatendo a política do reino. Podiam até tornarem-se ricas como mulheres solteiras independentes, vivendo no complexo do rei, é claro, mas cercadas com suprimentos, tabaco e álcool à sua disposição. Todas tinham escravos também. Stanley Alpern, autor do único estudo completo de língua inglesa sobre elas, escreveu: “quando amazonas saíam do palácio, eram precedidas por uma garota escrava carregando um sino. O som dizia a todos os homens para saírem do seu caminho, afastar-se para uma certa distância e olhar para o outro lado”.
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